A dependência tabágica é uma doença de adição grave e evolutiva. É responsável por sofrimento psicológico do fumador e dos seus familiares que, apesar de terem consciência da elevada morbilidade e mortalidade associadas a esta dependência, sentem-se incapazes de reduzir ou suspender consumos.
É um fator de risco para várias patologias físicas como o enfarte agudo de miocárdio, o acidente vascular cerebral, a doença pulmonar obstrutiva crónica, a disfunção eréctil e várias neoplasias. Muitas destas doenças terminam em incapacidade laboral, em redução da qualidade de vida ou na morte prematura. Muitos familiares, transformados involuntariamente em fumadores passivos, adoecem frequentemente.
O desejo de parar de fumar não é geralmente suficiente para assegurar sucesso na abstinência tabágica. É comum o adiar sucessivo do projeto, a argumentação de não haver condições exteriores ou psicológicas para parar, as recaídas recorrentes, a experimentação em métodos sem fundamentação científica, o sentimento de vergonha, culpa ou de descrença perante o pedido de ajuda técnica. Muitos fumadores têm êxito de abstinência apenas quando já gravemente doentes, vivem poucos ou desconfortáveis anos de vida.
A Clínica das Laranjeiras disponibiliza uma consulta de cessação tabágica, organizado por uma equipa multidisciplinar com experiência em comportamentos aditivos constituída por um psiquiatra, um psicólogo clínico e psicoterapeuta responsável por consulta desta área no SNS e por um médico especialista em medicina interna. Esta equipa, em articulação, assegura uma intervenção atenta, individualizada e adaptada aos vários momentos do processo de cessação tabágica, desde o desejo da paragem até à prevenção da recaída. A intervenção pelo psiquiatra e pelo médico internista é opcional e aconselhada quando justificada.
Privilegia-se um clima emocional de ajuda, de aceitação e de compreensão para quem nos procura, potencializador para a mudança do comportamento, que retira o fumador de uma postura contemplativa, sem pro-atividade na mudança.
O Programa de Cessação Tabágica está indicado para todos os fumadores, independentemente da idade, estádio da doença, comorbilidade médica ou anos de dependência. Sempre que adequado, propõe-se o envolvimento de um familiar numa sessão conjunta para partilha de informação sobre características da dependência tabágica e da metodologia utilizada no programa. O programa é adaptado às características individuais e necessidades específicas de cada pessoa, optando-se pelo recurso a diversas terapêuticas farmacológicas e psicoterapêuticas, associadas ou individualmente, dirigidas à contenção do impulso de fumar, à diminuição dos sintomas de abstinência física e psicológica e à prevenção da recaída.
Na primeira consulta de Cessação Tabágica, o psicólogo aditologista numa entrevista de diagnóstico avalia o grau de dependência, a motivação para a mudança e os aspetos psicológicos relevantes no pedido de ajuda especializada. Nesta entrevista motivacional, determina-se se é o momento certo para iniciar o programa e, caso se verifiquem condições, apresentam-se a estrutura, conteúdos e objetivos da intervenção individualizada.
Este programa de intervenção psicológica para cessação tabágica tem como objetivo apoiar os participantes na superação da dependência do tabaco por meio de uma abordagem estruturada, baseada em evidências científicas, recorrendo a metodologias da terapia cognitivo-comportamental e ao modelo de Marlatt, também conhecido como Modelo de Prevenção de Recaída de Marlatt e Gordon (1985). Ao longo de 6 a 8 sessões, os participantes serão acompanhados na construção de motivação, identificação de gatilhos para consumos, desenvolvimento de estratégias de superação e prevenção de recaídas, promovendo mudanças sustentadas e uma melhor qualidade de vida.
Nesta consulta pode ser sugerida a referência para consulta de Psiquiatria, por médico dedicado à adição, para prescrição de fármacos seguros e transitórios, se for previsível elevada apetência para o consumo, abstinência ou se existir simultaneamente qualquer perturbação psicológica (depressão, distúrbio de ansiedade, insónia, perturbação de hiperatividade com deficit de atenção, distúrbio de contenção dos impulsos, outras dependências químicas).
Pode ser também sugerida referência para consulta de Medicina Interna caso existam comorbilidades de doença física, derivadas ou simultâneas ao tabagismo, que podem interferir com o sucesso da cessação tabágica.
Conseguida a abstinência tabágica, trabalha-se a prevenção da recaída com consultas de revisão periódica, até o paciente sentir-se seguro e com competências de autorregulação emocional que o defendam contra o risco da recidiva tabágica.
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