Alguns terapeutas com formação de base cognitivo-comportamental ou de outros modelos teóricos, evoluem para uma formação mais eclética e flexível: a psicoterapia integrativa.

Psicoterapia integrativa é uma abordagem terapêutica que combina modelos e métodos específicos, coerentes, de diferentes orientações teóricas. Face à singularidade do ser humano, considera insuficiente que uma abordagem única tenha resposta para a resolução dos problemas trazidos ao terapeuta. A investigação baseada na evidência, demonstra que fazer terapia adaptada às necessidades e circunstâncias do paciente, ao invés do paciente se adaptar à terapia, aumenta a eficácia dos resultados da intervenção psicológica. 

Partindo da construção da relação terapêutica baseada na segurança, coresponsabilidade, confiança e autenticidade, realiza-se uma intervenção baseada na integração de várias abordagens:

• emocional-experiencial, visando a exploração detalhada da experiência emocional e da origem e dinâmica das emoções. Além da comunicação entre paciente e terapeuta, o trabalho experiencial concretiza-se, por exemplo, em dramatizações e focagem. Estas técnicas permitem entrar em contato com as necessidades psicológicas não supridas e em facilitar acesso a um significado mais coerente e saudável da experiência emocional; 

• intervenção cognitiva, com objetivo de identificar, desafiar e reformular esquemas/padrões de pensamentos não adaptativos e protetores, no passado, mas sem função útil no presente. Estes esquemas “de software pessoal” refletem com bastante precisão experiências do passado do paciente, ativando no presente padrões relacionais e comportamentais frequentemente anacrónicos, desatualizados e indutores de sofrimento mental. A nossa parte infantil toma conta, automaticamente, do nosso funcionamento adulto, com disfunção psicológica. Identificam-se também comportamentos “desatualizados” e desafia-se à mudança de comportamentos para romper padrões históricos de funcionamento psicológico e interpessoal; 

• intervenção relacional, visa conhecer as experiências de conexão “com os outros” dos pacientes. A relação terapêutica, no consultório, proporciona a identificação do padrão de funcionamento interpessoal e é o contexto ideal “de treino”, securizante e experimentador, para ensaiar relacionamentos mais adaptativos, facilitando a “reprogramação de software pessoal”, consciente e pelo próprio.

Alguns terapeutas integrativos recorrem ao Modelo IFS (Internal Family Systems), desenvolvido por Richard Schwartz. É uma abordagem terapêutica que parte da ideia de que a mente humana é composta por um conjunto de “partes internas” — diferentes subpersonalidades que coexistem dentro de cada um de nós, tal como membros de uma família interior.

Cada uma dessas partes tem intenções positivas e procura, à sua maneira, proteger-nos de experiências dolorosas ou situações difíceis. Mesmo quando o seu comportamento parece disfuncional (como a autocrítica, o medo ou o bloqueio emocional), a sua origem é uma tentativa de proteção.

No centro deste sistema interno encontra-se o Self — o núcleo essencial do ser humano. O Self é caracterizado por qualidades naturais como calma, compaixão, clareza e sabedoria. Quando o Self assume a liderança interna, o sistema encontra equilíbrio, harmonia e capacidade de cura.

O IFS é um modelo de mente múltipla, que reconhece e trabalha com as várias partes e dinâmicas internas de cada pessoa. Estas partes possuem pensamentos, sensações, emoções e crenças próprias, e o processo terapêutico visa ouvi-las, compreendê-las e integrá-las num diálogo interno mais saudável.

Trata-se de um modelo sistémico, que em vez de focar nos sistemas externos (família, trabalho, relações), trabalha com o sistema interno de cada indivíduo — as suas partes, características de personalidade e mecanismos de defesa.

Através de uma abordagem narrativa e reflexiva, o IFS convida cada pessoa a reconectar-se com o seu Self e a transformar o modo como se relaciona com as suas partes internas, promovendo cura emocional profunda, autoaceitação e autenticidade.